Os caminhos da EAD no Brasil transcorrem em ritmo acelerado subestimando expectativas de alguns espectadores educacionais. A proposta de EAD suplanta sistemas de ensino por todo o país e a demanda permeia níveis da Educação Básica até o Ensino Superior, contemplando a pós-graduação nos níveis de Especialização Lato Sensu e, em caráter experimental, o Mestrado Stricto Sensu.
Urge uma apreciação detalhada daqueles que são os mediadores desta intervenção, haja vista a necessidade iminente de qualificação profissional para a inserção desta modalidade no ensino tradicional.
Aplicada de maneira parcial ou totalitária, a EAD requer uma releitura da proposta, que foge ao convencional. Entendida como inclusiva e viabilizadora de aprendizagem significativa e de qualidade, ultrapassando barreiras geográficas, a EAD compreende um mote de agentes, interventores e clientela a serem contemplados por uma desestigmatização. Saberes são geridos em significativo nível de qualidade, embora desconhecidos por muitos. Estatísticas apontam um indelével crescimento na EAD no Brasil, as quais nos remetem a um cenário promissor, aliado ao compromisso de aferir, enquanto educadores, uma modalidade educacional convergente com o avanço tecnológico, minimização de custos, maximização de alcance e otimização de tempo.
Constituído por dados apontados pelo MEC, ratificamos o alcance da EAD no Brasil e as conquistas advindas desta modalidade de ensino, seja na esfera educacional ou ainda no mercado de trabalho que absorve profissionais qualificados através do Ensino a Distância. São referências que denotam o crescimento por mérito de aplicabilidade e inserção num mercado marcado pelo preconceito ao novo método ao mesmo tempo em que a demanda pela alfabetização digital cresce suntuosamente.
Contemplando as mais diversas áreas do conhecimento, agiganta-se o modelo EAD e recorre aos profissionais qualificados para atender a uma clientela que repagina e decodifica créditos para a sustentabilidade de sua formação regida por auto-estudo e empreendimento pessoal na busca de qualificação, capacitação e atualização. Este é o mundo EAD, um mundo de possibilidades a ser conferido.
Histórico
O surgimento da EAD no Brasil data de 1923, com a Fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, doada ao Ministério da Educação e Saúde em 1936. No ano de 1937 surge a criação do serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação e, em 1959, tem início as escolas radiofônicas em Natal (RN). A partir de 1960, com o início da Ação Sistematizada do Governo Federal em EAD, tem início o sistema de ensino a distância não formal. A modalidade avança forma professores, capacita empregados, se reorganiza, alcança a rede televisiva, alfabetiza, contempla a Pós-Graduação (POSGRAD – pós a distância coordenada pela Capes), atualiza os conteúdos curriculares (Projeto Ipê), abrange as quatro séries iniciais do Ensino Fundamental, atualiza os docentes (em 1991 ganha o título Um Salto Para o Futuro) e, em 1996,é regulamentada pela LDB 9394, em seu artigo 80.
Apesar do sucesso do Instituto Universal Brasileiro (cursos por correspondência criado em 1941, um dos marcos da EAD no Brasil), o percurso da EAD no Brasil não foi sempre exitoso em sua aceitação, especialmente com a oferta agregada de recursos tecnológicos em supressão aos modelos convencionais e aos currículos tradicionais e sistematizados aplicados nos cursos presenciais.
Com os referenciais de Qualidade (embora sem força de lei) norteando e regulamentando a supervisão e avaliação em EAD e os decretos 5622(2005) e 5773(2006) e portarias normativas (2007), o cenário em EAD é repaginado e a modalidade recebe uma ressignificação que corrobora com o aumento da demanda no país.
A EAD no cenário atual não apenas se sustenta como modalidade de ensino eficaz, bem como se evidencia no mercado acadêmico e evolui vertiginosamente dentre as demais modalidades de ensino. A credibilidade e sua abrangência reforçam um quadro de atualização nas concepções de educação, quando emerge o auto-estudo como provedor de ciência educativa.
Conclusão
Considerando as estatísticas e os demais elementos que evidenciam o crescimento da EAD no Brasil (leia-se fiscalização do MEC e conseqüentes órgãos reguladores), pode-se dizer que já equacionamos os limitadores de referenciais qualitativos e atribuímos a devida validação da modalidade seja no alcance educativo ou na qualificação profissional propriamente dita ao pensarmos no aceite do mercado de trabalho. O fato é que a Educação a Distância comemora altos índices de satisfação tanto na viabilização de educação de qualidade quanto no gerenciamento de situações adversas como a aceitação deste profissional quando da sua inserção em um mercado que exige atualização constante e provida de conhecimentos que vão desde a alfabetização no mundo digital à capacitação específica. Se a demanda confere credibilidade à EAD, a sistematização, a supervisão, a avaliação e o acompanhamento do auto-estudo lidimam o processo.
Pelos Decretos 5622 (2005) e 5773 (2007), vemos a consonância entre os objetivos da EAD e sua consolidação percorrendo diretrizes avaliativas, critérios de credenciamento e colaboração entre CEEs. As portarias seqüenciais elencam aspectos que determinam e sistematizam calendários, avaliações e seus instrumentos, autorizações de funcionamento, concepções, aspectos humanos, pedagógicos e infra-estrutura.
O redimensionamento da EAD no Brasil atinge um contingente que se sobrepõe às estimativas mais otimistas de crescimento nos últimos anos. Programas como Um Salto Para o Futuro e TV Escola geriram o conhecimento no país de forma a suprimir barreiras geográficas, constituindo num marco referencial na história da educação à distância no país. Desestigmatizada e imbuída do propósito de bem educar, a veiculação da EAD elenca subsídios que vão da alta tecnologia à gestão de qualidade para referenciar e qualificar a modalidade e os que delas buscam sua formação. A acessibilidade configura o sucesso da educação sem fronteiras, a legislação garante a efetivação de um ensino de qualidade e a demanda aumenta significativamente, o que torna consensual a idéia de que a EAD redimensionará o ensino no país, de modo a prover aquilo que constitucionalmente é direito de todos: Educação de qualidade.
Rememorando a trajetória da EAD no Brasil integramos aspectos que evidenciam os esforços mútuos havidos por qualificar e dimensionar a modalidade. Se de um lado houve profissionais das ciências da Educação sedentos por estabilizar uma proposta de ensino de qualidade, não foram estanques os avanços tecnológicos e a disciplina do elemento chave desta questão: o aluno de EAD. A este também cabem os méritos da credibilidade da EAD, pois através dele efetivou-se o processo, por sua procura e disciplina. Não há produto se não houver mercado. O aluno de EAD afigura-se como consciente de sua necessidade de aperfeiçoamento ou qualificação, de alguma forma este indivíduo foi dinamizador desta proposta, acreditando nela e aferindo qualidade ao embrenhar-se num mundo de conhecimento de forma inovadora, consistente, porém desafiadora em sua configuração.
Não restam dúvidas quanto à sua eficácia e aceitação, entretanto, na velocidade em que ocorre seu crescimento, faz-se necessária a intervenção de mediadores que fiscalizem e mantenham a devida consistência à EAD. Cabe aos órgãos responsáveis o aporte sobre currículo, avaliação, concepções e recursos humanos e pedagógicos, o que podemos constatar com grata satisfação, é entendido com seriedade e compromisso pelos órgãos governamentais e contemplado na LDB e na própria Constituição quando sustenta o direito de Educação de qualidade. Sendo a EAD “uma modalidade educacional na qual a mediação pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares e tempos diversos” (Decreto5622), cabe ao professor e aluno assumirem seus papeis , equalizando possibilidades, gerindo recursos, contemplando saberes e perfis educacionais atípicos analogamente ao ensino presencial e tradicional.
As Universidades Corporativas denotam a flexibilidade necessária para se pensar em educação no modelo a distância, pois emergiram em meio a preconceitos da sociedade e, especialmente, do meio educacional, que inicialmente se antepôs prevendo fracassos que não ocorreram (pelo contrário, se solidificaram). Segundo dados constantes em um artigo escrito pelo professor Fredric Litto na revista Educação Temática Digital, “o sucesso dos alunos de EAD no exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (MEC) em 2007, superando os resultados dos alunos dos cursos presenciais, é uma marca de importância especia”l. Ainda neste mesmo artigo, o referido professor trata do corpo discente alcançado pela Universidade Aberta do Brasil: 100.000, embora o currículo esteja focalizado na preparação do ensino básico.
A Secretaria de Educação a Distância, oficialmente criada pelo Decreto nº 1917, de 27 de maio de 1996, apresenta ações efetivas de inserção da EAD, entre suas ações estão a estréia do canal TV Escola e ProInfo, programas que atribuem consistência às propostas de fortalecer e atribuir seriedade à modalidade. Através da SEED o ministério da Educação provê condições de inovação tecnológica, novos conceitos foram agregados nas escolas públicas brasileiras bem como na sociedade que credibiliza a modalidade. Com referências deste porte, não há como subtrair da EAD o aval de sua proposta, ela está inserida no universo educativo de forma consistente, eficaz e crescente. Sua acessibilidade favorecida pelo custo menor e sua credibilidade em aclive constante remete-nos às considerações positivas sem desprezar as dificuldades que abrangem desde a retrógrada elaboração dos currículos( que pode ocorrer em Instituições sem comprometimento com a qualidade de ensino) até a tecnologia dispensada, entretanto, na velocidade em que surgem as formações sem qualidade,se desfazem haja vista o grau de exigência gerido pelos órgãos a quem compete fiscalizar.